Por Robson Carvalho – CO-CEO e CO-Fundador da POP
É inegável. Todo ano o BBB arrebata nossos corações. Quando menos percebemos, estamos lá, votando, torcendo e vibrando com as eliminações. Não dá para falar disso sem citar o fenômeno, a “dona” dessa 21a edição, a paraibana Juliette, que começou como uma desconhecida do time “pipoca” e veio se destacando através de seu discurso no programa. Ela, que mesmo sem saber, já ultrapassa em número e engajamento muitos influenciadores com anos e anos de carreira dedicados à internet. Ela que antes de entrar no BBB tinha pouco mais de três mil seguidores, já acumula até o momento, mais de 22 milhões de pessoas em suas redes. Marcas importantes já estão na disputa acirrada por contratos com a maquiadora e advogada.
A popularidade e abrangência do Big Brother Brasil, que é um dos programas de entretenimento mais aceitos pela população brasileira atrai ao longo de todos esses anos, pautas e discussões importantes, como racismo, homofobia, xenofobia, preconceito, relacionamento abusivo, entre outros. Juliette esteve ativa, protagonizou diversos momentos na casa onde foi atacada, comentada, apontada e sempre se manteve firme seu posicionamento com muita coerência. Além disso, ela trouxe sua forte personalidade em toda a sua trajetória no programa, representando veementemente o povo nordestino. Ela sempre aproveitou os momentos que tinha para exaltar sua cultura local, esbanjando simpatia e sempre tentando se dar bem com todos os participantes. Sendo assim, a advogada paraibana foi conquistando uma verdadeira legião de fãs, nomeados “cactos”, que a defendem com unhas e dentes, fazem mutirão e se posicionam sempre a seu favor.
Porém, o que mais chama a atenção nessa situação, do ponto de vista do marketing, é a rápida ascensão de Juliette nas redes sociais. Vivemos um período em que a grande mídia é praticamente pautada pelas redes sociais. O poder do discurso de Juliette a colocou na posição do perfil do instagram com maior engajamento do mundo, desbancando grandes influenciadores, como por exemplo, Viih Tube que já tinha um grande público na internet. Isso se deve pela forte identificação que ela propõe a seu público, onde mesmo confinada no reality, conseguiu formar todo esse exército de fãs aqui fora.
Do ponto de vista do marketing
O fenômeno da transmidialidade tem um papel fundamental para explicar tudo isso. Trata-se da interação e coparticipação dos indivíduos que atuam diretamente na criação e consumo de conteúdo. Ou seja, é o uso de uma ou mais mídias para contar uma história ou transmitir uma mensagem. Sendo assim, mídias de massa e redes sociais, que acabam servindo como termômetro, trabalham juntas na produção deste grande conteúdo de entretenimento que é o BBB.
Essa forma de produzir e consumir conteúdo, além de proporcionar impacto em diversos níveis da sociedade através do livre acesso à informação, possui também características típicas em relação às mídias tradicionais, como a TV e o rádio, que nos sugeriam criações de produtos unilaterais. Nessa ocasião, a marca é quem definia o que e como era consumido e hoje o discurso é sempre bilateral, respeitando a opinião do público e costurando o storytelling de acordo com o termômetro indicado pela aceitação do público.
Na tentativa de produzir narrativas envolventes, os participantes se arriscam e a internet vai à loucura. E assim, ganha aquele a quem o público mais se identifica. E ao que parece, Juliette leva esse 1,5 milhão com tranquilidade. O que você acha?